FUNDAÇÃO PALMARES LANÇA SELO PARA QUEM FOR ‘INJUSTAMENTE’ ACUSADO DE RACISMO; ENTIDADES REAGEM

O selo está nas redes sociais do presidente da fundação, Sérgio Camargo, que já esteve no centro de outras polêmicas. Entidades do movimento negro reagiram com indignação.O selo está nas redes sociais do presidente da fundação, Sérgio Camargo, que já esteve no centro de outras polêmicas. Entidades do movimento negro reagiram com indignação.
Grupos de defesa do movimento negro reagiram com indignação a um ato publicado esta semana pela Fundação Palmares, que tem a missão de preservar a cultura afro-brasileira.
O selo está nas redes sociais do presidente da Fundação Cultural Palmares. São dois modelos: “Palmares garante, não é racista” e “Palmares assegura, não é racista”.
Sérgio Camargo informou que o selo é “o certificado de que a pessoa, acusada de racismo, está sendo, na verdade, vítima de campanha de difamação e execração” e que o selo será “concedido a todos que, injustamente e criminosamente, são tachados de racistas pela esquerda vitimista, com o apoio da mídia, artistas e intelectuais”.
A Fundação Palmares tem como finalidade promover a preservação dos valores da influência negra na formação da sociedade brasileira.
A reação dos movimentos negros foi imediata. “Ele esta desviando da finalidade da Fundação Cultural Palmares e ele tá, com isso, criando uma atitude de agressão de hostilização e desrespeito ao racismo e a discriminação a todos os negros brasileiros”, afirma José Vicente, reitor da faculdade Zumbi dos Palmares.
“É mais um equívoco de um irmão nosso negro que perdeu a essência do que é ser negro em um país e num mundo que não entende a diversidade”, afirma o Frei David Santos, presidente da ONG Educafro.
Se uma pessoa acusada de racismo é considerada vítima na visão da Fundação Palmares, o que dizer de quem está na outra ponta dessa questão e se sente agredido por palavras e atos que ofendem a cor da sua pele? Só essas pessoas podem responder.
“Sinto a dor por todas as pessoas negras que não tem voz para relatar os crimes. Não só de violência verbal, mas também de violência física. Então, essa dor não é minha, essa dor é de 50% da população brasileira, que é a população negra”, afirma a estudante Ndeye Fatou.
O carinho do pai é para conter a dor de Fatou. A jovem de 15 anos recebeu mensagens trocadas por colegas de uma escola particular no Rio. Eram frases como: “para comprar um negro, só com outro negro mesmo” e “escravo não pode, ela não é gente”.
Quatro alunos foram afastados pela direção e podem ser expulsos. “Eu espero que a gente consiga reeducar eles. A questão não é o perdão, a questão é: essas pessoas acordam todos os dias pensando em melhorar?”, questiona a jovem.
O presidente da Fundação Palmares já esteve no centro de outras polêmicas: pediu o fim do Dia da Consciência Negra e disse que a escravidão foi benéfica para os descendentes de escravizados no país. O “selo antirracista” entra para essa lista.
“Se a pessoa que faz o ataque é a pessoa protegida, então o que será da pessoa que sofre o ataque?”, questiona Fatou.
A Fundação Palmares alega que o selo está alinhado com a finalidade da fundação de promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
Fonte: O Globo
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