A TENTATIVA DE CRIAR UM ESTADO CURDO MULTIPLICARÁ AS GUERRAS NO ORIENTE MÉDIO

As tropas americanas estão sendo retiradas do noroeste da Síria pela administração Trump, movimento que já foi ensaiado em dezembro de 2018, mas revogado por pressões internas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O presidente Trump afirmou que os EUA nunca deveriam ter se intrometido militarmente no Oriente Médio. De fato, as intervenções a pretexto de levar a democracia nunca trouxeram paz a região, pelo contrário, criaram mais tensão e favoreceram o surgimento de grupos extremistas como o Daesh, mais conhecido no Brasil pelos nomes de Estado Islâmico ou ISIS.

A presença americana na Síria foi sempre condenada internamente, pois nunca recebeu aval do congresso dos EUA. Até representantes do Partido Republicano insistiram que a presença no país árabe era ilegal e pediram para que houvesse a retirada. Agora, que Donald Trump fez o que tanto pediram e ordenou a retirada, pasmem, começaram as críticas de que ele abandonou os aliados curdos a própria sorte e que uma das consequências seria o ressurgimento do Daesh.

Mas será que patrocinar as milícias curdas para estabelecer um estado curdo é realmente o caminho correto para alcançar a paz ou criará novos conflitos na região? Um estado do curdistão seria criado em áreas onde atualmente, ficam a Síria, Turquia, Irã e Iraque, países que certamente, não têm a intenção de ceder um centimetro sequer do seu território.

O Senador Republicano, Mike Lee em sua conta oficial no Twiter parabenizou Trump:

“Obrigado, Presidente Trump, por retirar o pessoal militar dos EUA da Síria. As guerras não declaradas são tão inconstitucionais quanto desaconselháveis. Aqueles que discordam dessa decisão devem pedir ao Congresso que declare guerra ou autorize o uso da força militar.”

O INTERESSE DE ISRAEL NO CONFLITO DA SÍRIA E NA CRIAÇÃO DO CURDISTÃO

O conflito sírio, apesar de ter sido propositalmente distorcido pela mídia mundial, como sendo um desdobramento da “Primavera Árabe”, movimento popular por democracia iniciado na Tunísia, não teve a população como principal ator, mas estados da região e externos, interessados em retirar Assad e dividar territorialmente a Síria tilizando grupos terroristas, na maior parte deles, oriundos da Arábia Saudita.

É certo que houve conluio dos Estados Unidos com algum desses grupos extremistas, principalmente, a Al-Qaeda, que na síria é representada pela Frente Al-Nusra. O grupo recebeu treinamento e sofisticados armamentos da CIA para que derrubasse o governo Bashar Al-Assad. Esse apoio a grupos jhadistas foi iniciado no governo Barak Obama e recentemente, recebeu um revés com a lei H.R. 258 da congressista Tulsi Gabard que proíbe o governo americano de financiar grupos extremistas no exterior.

Mas Israel talvez o estado com maior interesse no conflito sírio e na criação do Curdistão. Israel quer consolidar a anexação das Colinas de Golan e implantar um governo menos hostil que o de Assad a presença do estado judeu na região. Por isso mesmo apoiou, como os EUA, diversos jihadistas sunitas, considerados por eles moderados. Também já é sabido que o relacionamento do governo de Israel com a ditadura da Arábia Saudita é muito mais sólida do que os israelenses querem transparecer. Basta ver os recentes desagravos entre autoridades dos dois governos e até um encontro entre ex-membros das agências de espionagem dos dois países. O objetivo comum é ver a síria fragmentada e governada por uma teocracia sunita pró Arábia Saudita e anti-Irã. Nesse contexto, a criação do Curdistão ficaria muito mais fácil, pois se iniciaria pelo território da Síria.

A amizade entre israelenses e curdos, porém, é muito antiga e para alguns historiadores judeus remonta o período do cativeiro babilônico. Modernamente, em 1948, judeus curdos saíram das regiões onde habitavam para residir no recém criado, Estado de Israel. O momento mais significativo, entretanto, foi em 2017 quando na cidade de Erbil, no Curdistão iraquiano, foi realizado um referendo de independência. A influência de Israel foi flagrante, quando dezenas de bandeiras israelenses foram agitadas pela população que gritava: somos o novo Israel! Mas, os acontecimentos atuais como o da retirada de tropas americana, já eram previsíveis, pois os EUA, União Europeia, além da Turquia e Síria se opuseram ao referendo.

Por Graan Barros

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