O EXCEPCIONALISMO DA FAMÍLIA BOLSONARO ATINGE O ITAMARATY

Desde que assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores, o chanceler Eduardo Araújo, com total apoio do presidente Jair Bolsonaro, decidiu reestruturar o Itamaraty a sua maneira. Para isso, iniciou uma caça as bruxas, pois segundo ele cerca de 15 embaixadores que chefiavam embaixadas no exterior espalhavam notícias falsas sobre o novo presidente. Todos foram demitidos de suas funções e substituídos por outros mais alinhados as novas diretrizes, entre elas: o alinhamento automático com os Estados Unidos e Israel, algo que já foi tentando pelo General Castelo Branco, mas depois deixado de lado pelo governo pragmático de Geisel.

O regimento foi mudado para flexibilizar o sistema hierárquico também foi mudado para que embaixadores sem experiência, que ainda não haviam dirigido nenhuma embaixada no exterior foram alçados a postos de primeira linha. Os militares têm uma expressão para esse tipo de condução: “Coronéis mandando em Generais”. Algo que se assemelha a relação entre o presidente Bolsonaro (Capitão) e o seu vice Mourão (General). Logicamente, houve críticas dentro e fora do Itamaraty. O embaixador Paulo Roberto Almeida, um dos demitidos das suas funções, afirmou em entrevista a jornalista Miriam Leitão, que o Itamaraty está sendo conduzido a partir de uma ideológica de direita sem qualquer consistência. Até o astrólogo Olavo de Carvalho, que vive nos EUA já deu pitacos na política externa brasileira.

Poder-se-ia supor que o embaixador Paulo Roberto Almeida seja um simpatizante da ideologia de esquerda, mas não. Durante os governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, Almeida foi um ferrenho crítico da aproximação do Brasil aos governos de Cuba e da Venezuela. Para Almeida, a política externa brasileira tem uma tradição de equilíbrio e equidade, de promoção da paz e de não intromissão em assuntos internos dos países. De fato, sempre mantivemos boas relações com toda a comunidade internacional.

Agora, o presidente Bolsonaro extrapola o bom senso e propõe o nome de um dos seus filhos, Eduardo Bolsonaro, para chefiar a importante embaixada do Brasil em Nova York, Estados Unidos. Mais uma vez Bolsonaro e seu chanceler agem de forma excepcionalista, atropelando a carreira diplomática e propondo colocar dessa vez não um coronel, mas um cabo para mandar em Generais. O cargo requer um embaixador com experiência e Eduardo sequer seguiu a carreira diplomática. Como o seu pai é desqualificadoe bastante presunçoso.

Por Graan Barros

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