ISRAEL EXERCITA SEU “SOFT POWER” NA AMÉRICA LATINA

O termo “Soft power” (força branda) foi criado pelo norte-americano Joseph Nye para demostrar a capacidade que um país, utilizando a propaganda de sua cultura, esporte, ajuda humanitária ou outros aspectos, de pesar positivamente nas suas relações com outros países. Nesse sentido, o país que no século XX mais conseguiu fazer propaganda de sua cultura e modo de vida, criando para si uma imagem praticamente 100% positiva, mesmo tendo iniciado dezenas de guerras, desestabiizado e derrubado governos e matado milhares de pessoas foi os Estados Unidos (EUA).

Israel o principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, começou a exercitar o seu “soft power” na América do Sul iniciando pelo Brasil, com o objetivo de melhorar sua imagem, normalmente vinculada a ocupação dos territórios palestinos na Faixa de Gaza e Cisjordânia e pelo tratamento dado aos palestinos. Mais recentemente, foi confirmado que o país também financiou com armas os grupos rebeldes sírios, incluído o HTS, que é o ramo da Al-Qaeda na Síria, na tentativa de derrubar o presidente Bashar Al Assad.

Para pôr em prática o seu “soft power” no Brasil, Israel contou aqui com a ajuda de Jair Bolsonaro, presidente eleito no final de 2018, que incluiu entre as suas promessas de campanha o alinhamento automático do Brasil com os EUA e Israel. Alguns grupos pentecostais e neo-pentecostais, com fortes ligações com a direita evangélica do sul dos Estados Unidos, tiveram papel importante nessa tarefa.

Aproveitando a o desastre ambiental e humanitário de Brumadinho, Netanyahu e Bolsonaro devem ter pensado ser este o momento ideal. Israel enviou ao Brasil uma aeronave com 123 militares especializados em busca e salvamento para auxiliar na busca de corpos que foram soterrados. Trouxeram o que a indústria do seu país tem de mais moderno prometendo alavancar os trabalhos, porém, os equipamentos se demostraram inadequados (até sonares foram trazidos) ao tipo de desastre na cidade Brumadinho.

Hoje, há apenas três dias dias do início dos trabalhos, os militares israelenses retornam ao seu país. Se os trabalhos ficaram aquém do esperado, o impacto político deve ter atingido o planejado.

Por Gaan Barros

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