BOLSONARO COLOCA O BRASIL EM ROTA DE COLISÃO COM A COMUNIDADE INTERNACIONAL E COM PAÍSES VIZINHOS

Sem ao menos assumir a Presidência, que ocorrerá daqui a 58 dias, em 1 de janeiro de 2019, o presidente eleito Jair Bolsonaro já demostrou que pretende dar um nó na diplomacia brasileira que é reconhecida internacionalmente pela tradição de resolver conflitos externos pacificamente.
A intenção de mover a embaixada do Brasil do centro econômico de TelAviv para Jerusalém, vai de encontro com a posição brasileira de ser favorável a solução dos dois estados no conflito entre israelenses e palestinos. Além disso, essa é a posição de toda a comunidade internacional, excetuando-se Estados Unidos na administração Trump. Mas ele mesmo, nesse ano, já afirmou que é favorável ao que for melhor para os dois povos. Nem mesmo seus aliados preferenciais, europeus e asiáticos, votam com os EUA nesse assunto.
Ontem, pasmem, Bolsonaro afirmou que pretende fechar a representação diplomática palestina, que fica próxima ao Alvorada. Segundo ele, por segurança. Mais uma vez o futuro governo procura uma posição subserviente aos EUA, sem se preocupar em dificultar as relações brasileiras com os países do Oriente Médio, conseguidas a partir de 1974 na política pragmática do presidente militar Ernesto Geisel. Em 10 de novembro de 1975, através do embaixador do Brasil na ONU, votou contra Israel fazendo a mais dura declaração do Brasil contra Israel, afirmando que o sionismo era uma forma de racismo.
Mais recentemente, em 2016, quando o governo de Israel, quebrando as regras básicas da diplomacia internacional, indicou o diplomata Dani Dayan para assumir a embaixada do país em Brasília, sem que seu nome fosse submetido primeiramente ao governo do Brasil, gerou a indignação da diplomacia brasileira que se posicionou com uma “Carta aberta” assinada por 40 embaixadores ex-embaixadores do Itamaraty. O imbróglio só foi resolvido em janeiro de 2017 com a” concessão de agrément” a outro embaixador, Yossi Shelleyl.
Hoje, os Estados Unidos, através de seu secretário de Estado, John Bolton se pronunciaram sobre o papel que os americanos querem que o Brasil assuma na América do Sul e Central, principalmente, contra os governos da Venezuela, Nicarágua e Cuba. Durante o governo Temer, os EUA aumentaram consideravelmente a influência nas Forças Armadas Brasileiras, com visitas constantes e o fornecimento de armamento usado, mas em condições de uso. Possivelmente, preparando as nossas forças para ajudá-los a manter os interesses estadunidenses na América do Sul.
Apesar dos sinais claros que o novo governo fará uma guinada nas relações internacionais brasileiras, espera-se que o Itamaraty, como fez com o problema com Israel, se posicione de forma firme, evoque a sua longa tradição diplomática de resolver de forma pacífica atritos e ajude a evitar que o Brasil, que não se envolve em guerras há 76 anos, entre de cabeça em ações belicosas e combata guerras que não são suas, mas dos Estados Unidos.
Por Graan Barros
Matérias relacionadas:
INVESTIGAÇÃO DESCOBRE CONLUIO ENTRE ARÁBIA SAUDITA, AL-QAEDA E EUA NO IÉMEM
ISRAEL ANDA PREOCUPADO COM A ARÁBIA SAUDITA… COM A SEGURANÇA DA ARÁBIA SAUDITA
Comentários Recentes