OS MÍSSEIS E BOMBAS DO FUTURO CAÇA DA FAB

Um mockup do Gripen NG, onde pode-se ver a Spice 1000 e 2000 nas asas.



O jornal “O Globo” divulgou na sua edição de ontem (9), o valor dos armamentos que a FAB vai adquirir para armar os seus futuros caças Gripen E/F. A matéria, entretanto, já começa com o título equivocado: “Brasil compra 70 mísseis e bombas israelenses para armar o Gripen”. Equivocado, porque somente parte da compra tem procedência israelense!

 
O valores divulgados na matéria, que para os leigos no assunto são exorbitantes, foram obtidos através da Lei de Acesso à informação e chegam a US$ 245.325 milhões (R$ 869 milhões). Nesse valor também estão incluídos a aquisição de “Pods” designadores de alvos que são os sistemas que iluminam e guiam o lançamento de bombas inteligentes, por exemplo. 

Relacionamos alguns dos armamentos para explicar melhor as suas caracterísitcas e capacidades.
 
Spice 1000 (Rafael – Israel)

















Na verdade, Spice não é propriamente uma bomba, mas o sistema de guiamente que acoplado a uma bomba burra, como no caso, a MK-83 “bomba de fins gerais” a guia até o alvo. O termo “burra” é aplicado para o tipo de arma que não possui um sistema que guiamento, dependendo assim, exclusivamente dos cálculos realizados pelo computador de bordo da aeronave que a lançou para atingir o alvo. 
 
A Spice, por seu guiamento de alta precisão é utilizada para destruição de alvos de alto valor estratégico. Após lançada ela pode atingir alvos a 100 Km de distância, o que também permite manter a aeronave lançadora fora do alcance da artilharia antiaérea inimiga (stand-off). Segundo o Globo, foram adquiridos 20 Kits.
 


Míssil ar-ar Iris-T (Diehl Defence-Alemanha)
 
 
 














O Iris-T é um ASRAAM (Advanced Short Range Air-to-Air Missile), ou seja, é um míssíl projetado para abater outras aeronaves que estejam ao alcance visual do piloto. O Iris-T possui elevada imunidade a contramedidas como o “flare”, por exemplo. 

O Iris-T é um míssil de 5ª geração, pois pode atingir alvos que estejam atrás da aeronave que o disparou. Além disso, pode ser disparado através do movimento de cabeça do piloto com o HMD (Helmet Mouted Display). Esse sistema já é utilizado pelos pilotos da FAB (Link da matéria).

Veja abaixo, as gerações dos mísseis e sua capacidade para engajar alvos. Para disparar um míssil de 2ª geração, por exemplo, era necessário que o piloto mativesse apontado o nariz da aeronave para o alvo, que deveria estar também voando em direção igual.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A-Darter (Denel-África do Sul em parceria com a Mectron-Brasil)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É outro míssil de 5ª geração e como o alemão, Iris-T, de curto alcance, mas desta vez, fruto de uma parceria sul-sul, entre África do Sul e Brasil. O A-Darter possui empuxo vetorado, o que permite fazer manobras de moer os ossos e que geram até 100 gs (100 vezes a gravidade ao nível do mar). Seu alcance é menor que o do Iris-T, podendo atingir alvos a 12  quilômetros de distância contra 25 do míssil alemão.

 
Para terminar, estranhamos não ter sido incluído nenhum míssil BVR (Beyound Visual Range). Este tipo de míssil é utilizado para abater aeronaves que estejam além do alcance visual. O BVR é considerado o estado da arte do combate moderno

Os caças de 4ª geração plus (Gripen NG) e de 5ª geração (F-22) possuem radares do tipo: “AESA” de Varredura Eletrônica Ativa, que podem detectar alvos com RCS* de 5m² a distâncias superiores a 100 Km. A vitória em um combate moderno será decidida em quem detectar o inimigo, disparar e se evadir primeiro.
 
Por Graan Barros
 
 
 
*RCS (Radar Cross Section) – Um radar emite ondas eletro-magnéticas a velocidade da luz que atingem um alvo qualquer. O alvo refletirá parte dessas ondas de volta ao radar emissor denunciando a sua posição. Porém, se o alvo dispuser de tecnologias, Stealths (Furtivas), como ter a fuselagem revestida com MARE (Materias Absorvedores de Radiação Eletromagnética) ou tenha um design que privilegie ângulos que reflitam as ondas para uma direção diferente a do emissor, somente um pequeno resíduo será detectado. A quantificação desse resíduo pode ser chamado de RCS. Um alvo que possua um RCS baixo só será detectado quando estiver muito próximo do radar emissor, reduzindo assim, o tempo de resposta das defesas inimigas, enquanto um alvo com RCS alto será detectado a uma distância muito maior. 
 
Graan Barros

Você pode gostar...