MARINHA DO BRASIL: A ESCOLHA DE SOFIA?

 

A Marinha do Brasil precisa resolver um problema complexo. Vive entre o céu e o inferno nos seus sonhos de reaparelhamento. Em 2011, iniciou o tão sonhado plano de construção de um submarino com propulsão nuclear, mas os custos são elevadíssimos e sugam grande parte do orçamento. No mesmo ano, foram assinados os contratos, também com a França, da construção de quatro submarinos convencionais, um estaleiro e uma base naval que ficarão localizados no município de Itaguaí.

Por outro lado, a Marinha também precisa, urgentemente, renovar as suas escoltas (Corvetas e Fragatas) que sofrem os efeitos da idade. A mais nova de nossas corvetas é a Barroso, que foi incorporada em 2008 ao setor operativo. Esse projeto é derivado da Classe Inhaúma que conta atualmente com três corvetas, todas incorporadas entre os anos de 1995 e 1997. Já as fragatas, que são escoltas com maior capacidade de combate, das seis em operação, a mais nova é a F-45 União, que entrou em serviço no ano de 1980.

O Navio Aeródromo São Paulo (NAe) comprado de 2ª mão da França no ano 2000, durante o governo FHC, foi alvo, essa semana, de muitas especulações sobre uma possível retirada para reserva. Entretanto, o São Paulo precisa urgentemente de reformas e modernizações para que possa operar por mais 20-25 anos, até que seja construído no Brasil, mas em parceria com algum grupo estrangeiro um novo NAe que atenda as necessidades da Marinha no Séc.XXI. Comenta-se que essas modernizações custarão cerca de 1 bilhão de reais.

A situação fica mais complicada quando se sabe que um Navio Aeródromo, necessita de escoltas modernas, que sejam capazes de se contrapor as ameaças atuais e futuras. As tarefas realizadas pelas escoltas são múltiplas e complexas, compreendendo a defesa antiaérea, anti-navio e antissubmarina. Sem navios-escolta o São Paulo se transformará em um grande e valioso alvo para as marinhas inimigas.

Apesar da necessidade ser emergencial a conjuntura econômica atual não poderia ser mais desfavorável aos planos da Marinha do Brasil. Enquanto a FAB e o Exército já estão adiantados nas suas demandas de reaparelhamento a Marinha ainda luta para que o governo feche contrato com um dos grandes estaleiros estrangeiros que vão construir as novas Fragatas de 6000 toneladas.Será que a Marinha do Brasil precisará fazer a escolha de Sofia?

Graan Barros

Obs.: O articulista parte do pressuposto que a notícia veiculada pela Revista Época, sobre a possível retirada do NAe São Paulo para a reserva, esteja devidamente fundamentada.

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