A UCRÂNIA E O DIREITO À LIVRE DETERMINAÇÃO DOS POVOS

O Direito à Livre determinação dos povos talvez seja o ponto principal a ser observado no conflito da Ucrânia. Todas as partes envolvidas procuram demonstrar que suas ações são legítimas e embasadas por princípios éticos e do Direito Internacional.  Ninguém quer que seus reais interesses, quase sempre geoestratégicos e de mercado, sejam identificados e expostos pela grande mídia. Há que se passar uma imagem mais altruísta.
No início da crise, já com o presidente deposto, a região autônoma da Criméia que, diga-se de passagem, já abrigava a Frota russa do Mar Mediterrâneo, mostrou de que lado preferia estar. Ao criar um referendo os seus habitantes preferiram ser anexados à Rússia. As urnas apontaram uma larga vitória dos separatistas com quase 100% dos votos.
Outras regiões a leste da Ucrânia como Donetski e Luganski iniciaram movimentos parecidos com o da Criméia e realizaram referendos com os mesmos objetivos, ou seja, ganhar mais autonomia de do governo central de Kiev ou mesmo serem anexadas a Rússia. A reação do governo da Ucrânia foi a de combater militarmente os rebeldes que passaram a pegar em armas e segundo parte da imprensa ocidental, recebendo ajuda dos russos.
Agora, há um plano de paz alinhavado pelo “Quarteto da Normandia”, grupo de países formados por Alemanha, França, Rússia e Ucrânia e aceito e assinado por representantes das repúblicas rebeldes. O objetivo é ambicioso: apagar o fogo separatista de uma população, que foi as vias de fato e pegou em armas para se separar do resto da Ucrânia. Uma atitude tão extremada é sinal visível que parte da população não se vê mais como ucranianos! Quando a situação chega a esse ponto, dificilmente há retorno e a solução passa mesmo pela divisão territorial.
A reforma constitucional, uma das etapas do plano de paz, prevê dar maior autonomia as repúblicas e tem o objetivo de aliviar esse descontentamento crescente. Mas, para que dê certo é necessário que as partes cumpram o que foi assinado. E, principalmente, esperar que os anseios da população de Donetski e Luganski sejam de fato supridos com o acordo. Se não ficarem, certamente os conflitos vão voltar e o mapa da região será novamente redesenhado e veremos uma Ucrânia cada vez menor.
Graan Barros

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