UM JAPÃO EM PAZ…


Após ser derrotado em seu planos de subjugar o mundo juntamente com o governo Nazista da Alemanha de Hitler e do Fascismo do Italiano Benito Mussolini o Japão adotou uma postura de não beligerância. Esses princípios pacifistas foram levados tão a sério que a Constituição do Japão de 1946, promulgada em 3 de maio de 1947 ficou conhecida como Constituição Pacifista. Desde o seu Prefácio assume uma postura de não agressão:

 
“Nós, o povo japonês, agindo através de nossos representantes devidamente eleitos na Dieta Nacional, determinamos a garantia para nós mesmos e nossa posteridade, os frutos da cooperação pacífica com todas as nações e as bênçãos da liberdade em toda esta terra, e resolvemos nunca mais seremos visitados pelos horrores da guerra através da ação do governo; proclamamos que o poder soberano reside no povo e estabelecemos firmemente esta Constituição. O governo é um dever sagrado do povo, sua autoridade deriva do povo, seus poderes são exercidos pelos representantes do povo, e seus benefícios são usufruídos pelo povo. Este é um princípio universal da humanidade no qual esta Constituição é fundada. Rejeitamos e revogamos todas as constituições, leis, portarias e éditos que o contradigam.”
 
Após o Prefácio acima, no artigo 9 a Constituição japonesa vai mais além, afirmando:
 
“…as forças terrestres, marítimas e aéreas, bem como qualquer outro potencial de guerra, nunca serão mantidos. O direito de beligerância do Estado não será reconhecido.”
 
O povo japonês foi o único a experimentar os horrores de ver detonada em seu território a mais destrutiva arma já criada pela humanidade, a bomba atômica. Foram duas bombas lançadas pelos Estados Unidos da América sobre cidades onde não haviam sequer alvos estratégicos importantes, apenas civis. Morreram instantaneamente cerca de 220.000 pessoas. Talvez por esse motivo o governo e povo japonês tenham optado por uma posição tão inflexível em direção a paz.

 


Os novos desafios

Entretanto, passados mais de sessenta anos do fim da 2ª Grande Guerra, o cenário mundial é outro. A liderança mundial do seu protetor, EUA é cada vez mais contestada pelos novos atores. A Rússia que havia perdido parte da sua influência após a Guerra Fria procura recuperar seu prestígio, agora, contando com uma aliado poderoso, tanto economicamente como militarmente, a China.
 
A China que espantou o mundo com seu crescimento econômico vertiginoso, como todo país que se preze buscou aumentar o seu poderio militar que em poucos anos deverá contar a maior frota naval militar do mundo. Aos poucos, os chineses vêm projetando poder primeiramente na região do Pacífico. É uma posição lógica, pois se conseguir acertos diplomáticos e militares com seus vizinhos, então serão maiores as chances de acerto no âmbito extrarregional.
 
Por isso mesmo, o Japão é o pais que está sentido com maior intensidade essa maior agressividade da China. São comuns as interceptações feitas por aeronaves japonesas a VANTs (Drones) chineses que se aproximam do seu território. O motivo é o litígio sobre um conjunto de ilhas conhecidas pelo lado japonês como Senkako e pelo governo chinês, como Diaoyi. Porém, esse é apenas um dos problemas externos que o Japão terá que administrar, pois há problemas desse tipo com a Rússia e a Coréia do Sul.
 
Esses acontecimentos só provam como as Relações Internacionais são dinâmicas e que nenhum país deve se prender a cláusulas pétreas ou pensamentos definitivos. Hoje, a Constituição pacifista e utópica do Japão já não atende as demandas do cenário atual e precisa ser revista, pois impede inclusive que o japão possua capacidade expedicionária. Preocupado com isso, o Japão já procura soluções e até já “deu um jeitinho brasileiro” incorporando um Navio Porta Helicópteros ao seu inventário. O golpe de mestre é que a marinha japonesa poderá adquirir aeronaves V-Stol (pouso vertical e decolagens em pistas curtas) como a aeronave F-35 e opera-las em seu “Porta Helicópteros”.

Fontes de pesquisa: Embaixada do Japão no Brasil
Foto de Mainichi ShimbunPromulgação da Constituição do Japão (O Imperador do Japão ao centro) em 3 de novembro de 1946.
 
Graan Barros


 
Os ataques as cidades de Hiroshima e Nagasakifoi foram tão dramáticos que sensibilizaram artistas em todo mundo. Deixo para os leitores duas canções que nos lembram os efeitos dessas bombas lançadas no Japão.
 

A paz
Música: João Donato (Leila IV)
Letra: Gilberto Gil

A paz invadiu o meu coração
De repente me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais
A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino a paz
Como aquela grande explosão
Um bomba sobre o Japão
Fez nascer um Japão na paz
Eu pensei em mim eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição só a guerra faz
Nosso amor em paz
Eu vim vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos ais


A Rosa de Hiroshima
Poesia: Vinícius de Moraes
Música: Gerson Conrad

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

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