MAIS UMA VEZ, O EDITORIAL

Crise no Paraguai – Informação e desinformação
 
 
Durante a crise no Paraguai a imprensa brasileira foi pega de surpresa, já que os acontecimentos aconteceram em apenas um final de semana. Os jornalistas foram quase unânimes em apontar esse “gap” do final de semana como o principal motivo para a pouca visibilidade que inicialmente, o impeachment do Presidente Lugo teve na mídia brasileira. Passado esse momento inicial, porém, a imprensa pôde posicionar-se sobre os fatos e como é de costume posicionar “ideologicamente”. O “Quarto Poder” não este isento de pensar “ideologicamente” como poderia pensar algum incauto. 
 
 
 
Vejamos a posição do Estadão perante os fatos que sucederam ao impeachment do presidente paraguaio.
Edição de 04 de julho de 2012
 
Editorial
Motivações políticas são mais fortes que regras legais no Mercosul, segundo deixou claro o presidente do Uruguai, José Mujica, no esforço canhestro de justificar seu voto a favor do ingresso da Venezuela no bloco. Se para algo serviram suas palavras, foi para dar razão a quem considerou um golpe à decisão, tomada por apenas três presidentes, bloco  de admitir na união aduaneira um novo parceiro com plenos poderes, sem respeitar a posição do Paraguai. Levaram-se em conta, segundo Mujica, “novos elementos políticos que superavam amplamente o jurídico”. O alcance dessa declaração talvez lhe tenha escapado. De fato, ele confirmou as palavras do vice-presidente Danilo Astori e do chanceler Luis Almagro, críticos severos da admissão oportunista de um quinto sócio. Com essa decisão, segundo Astori, abriu-se no Mercosul uma “grave ferida institucional”. O vice-presidente está certo e o chefe de seu governo inadvertidamente lhe deu razão. Quanto às alegações políticas, são tão frágeis quanto grotescas: três governantes golpearam as instituições do para favorecer o caudilho Hugo Chávez e disseram ter agido em defesa da democracia.
Nesse trecho, tem-se a impressão que o Mercosul possuía no momento da inclusão da Venezuela mais de três membros).
Ao falar publicamente sobre o assunto, numa entrevista ao jornal La República, de Montevidéu, o presidente Mujica assumiu a defesa do chanceler Luis Almagro. O ministro de Relações Exteriores foi criticado pela oposição depois de condenar como ilegal a admissão da Venezuela. “Estou de acordo com seu desempenho”, disse o presidente.
Segundo Almagro, Mujica resistiu inicialmente à proposta de incorporação da Venezuela, por julgar o momento inadequado, mas acabou cedendo às pressões da presidente Dilma Rousseff. Sem desmentir o ministro, e até elogiando sua atuação, o presidente apresentou sua explicação dos fatos. Em outras palavras, ele reconheceu, mas preferiu pôr de lado os escrúpulos legalistas do chanceler.
Não há como deixar de lado as instituições e ao mesmo tempo alegar razões políticas para justificar o golpe contra o Mercosul. Nem o recurso a argumentos do mais grosseiro pragmatismo torna menos desastrada – e desastrosa – a manobra dos três presidentes. Não se pode apontar o fortalecimento do bloco, sob nenhum aspecto, com a admissão da Venezuela bolivariana. Não há nenhum compromisso de Hugo Chávez com a democracia, nem com o funcionamento minimamente livre dos mercados, nem com a convivência civilizada entre nações.
O governo paraguaio entregou ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, um vídeo sobre a movimentação do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, em Assunção. O ministro de Chávez aparece encaminhando-se para uma reunião com a cúpula militar paraguaia pouco antes do afastamento do presidente Fernando Lugo. O novo governo do Paraguai chamou de volta o embaixador em Caracas e declarou persona non grata o representante venezuelano em Assunção. Três presidentes de países-membros do Mercosul decidiram, portanto, admitir como sócio um país em conflito com o quarto membro da união aduaneira. 
Um vídeo apresentado na íntegra e revelado pelo jornal “Última Hora”, mostra a presença da ministra de Relações Exteriores da Colômbia María Ángela Holguín e do Equador Ricardo Patiño, além do secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez. Todos entraram na sala do encontro com integrantes das Forças Armadas paraguaias. Não houve assim, encontro reservado algum, contradizendo a denúncia da ministra de Defesa do Paraguai, María Liz García. Por que o Estado de São Paulo não noticiou o aparecimento do vídeo sem edição?
 
Não há nada surpreendente, nem improvável, na hipótese de uma interferência do presidente Hugo Chávez nos assuntos internos do Paraguai. Seu absoluto desrespeito às mínimas normas da diplomacia civilizada é bem conhecido. O governo brasileiro deveria recordar a atuação do caudilho bolivariano como conselheiro do companheiro Evo Morales, quando o governo da Bolívia decidiu invadir militarmente instalações da Petrobrás. Todos deveriam lembrar, igualmente, as relações de Chávez com as Farc e seus conflitos com o governo colombiano. 
O ingresso da Venezuela de Chávez nada acrescenta, economicamente, à cambaleante união aduaneira.  Do ponto de vista diplomático, a presença do chefe bolivariano será mais um entrave a negociações com parceiros relevantes, como os Estados Unidos e a União Europeia. Será, igualmente, um complicador adicional em discussões de alcance global. Neste momento, já é um fator de desagregação.Na aritmética do Mercosul, o acréscimo de um sócio como a Venezuela é uma diminuição.
Nada acrescenta? O PIB do Paraguai é de apenas U$ 18 BI contra 319 BI da Venezuela. Quem escreveu esse editorial não pesquisou nem a Balança Comercial dos países envolvidos. Ou melhor, preferiu a desinformação.
 
 
Abaixo:
O vídeo (editado) apresentado pela Ministra da Defesa Paraguaia.
 
O vídeo completo apresentado pela Venezuela.
Uma pergunta a ser respondida.
Por que o site do Exército Brasileiro replicou o Editorial do Jornal Estado de São Paulo?
 
 
 
 
 
Observações:
 
O Editorial foi postado na íntegra.
Os textos em vermelho são do autor do BLOG.
Os links no texto reportam aos sites:
 
Human Right Watch
Banco Mundial
Exército Brasileiro
 
 
 

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