AERONAVE C-105 É CERTIFICADA PARA POUSOS E DECOLAGENS NO AERÓDROMO DE SURUCUCU

Operação verificou a capacidade de o avião operar na pista com diferença de altura de 43 metros entre as cabeceiras

Em mais uma ação que demonstra a capacidade da Força Aérea Brasileira (FAB) de integrar o território nacional, foi realizada, entre os dias 22 de outubro e 14 de dezembro, a certificação especial para a operação da aeronave C-105 Amazonas no aeródromo de Surucucu, município de Alto Alegre (RR).

A campanha, batizada de Operação Surucucu, teve o objetivo de se verificar a capacidade de o avião operar na pista, onde a diferença de altura de 43 metros entre as cabeceiras, os fortes ventos de cauda e a existência de montanhas ao redor tornam o aeródromo especialmente peculiar.

A ação foi dividida em duas fases. Na primeira, foram treinadas as equipagens e feita a validação da operação proposta para Surucucu. Na segunda etapa, realizou-se a certificação final com o avião no aeródromo em Alto Alegre, com a utilização da aeronave prova C-105 FAB 2805, instrumentada com equipamentos específicos de ensaios em voo que permitiram a análise e posterior certificação junto ao Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), que é a autoridade de aeronavegabilidade militar brasileira.

Foram utilizadas aproximadamente 90 horas de voo entre ensaios, transporte aéreo logístico e alerta SAR (do inglês Search And Rescue, para designar as ações de busca e salvamento), além da participação de aproximadamente 30 militares.

O plano de ensaio e certificação constituiu de um perfil de aproximação específico para a pista, levando-se em consideração o desempenho da aeronave no pouso e nas arremetidas. As manobras contaram com três pilotos de prova para averiguar se as qualidades de voo da aeronave são compatíveis com as características da pista de pouso e condições climáticas predominantes.

Conforme o Coordenador-Geral da Campanha, Tenente-Coronel Aviador Luiz Marcelo Terdulino de Brito, a Operação Surucucu buscou reestabelecer a operacionalidade da aeronave C-105 Amazonas na localidade. “É um aeródromo com características peculiares do ponto de vista técnico e que é extremamente estratégico para a região”, ressalta.

A equipe de ensaio encarregada da campanha, o Major Engenheiro Leonardo Maurício de Faria Lopes e o Capitão Aviador Thiago Fontes Macêdo, dedicou-se exclusivamente à campanha por três meses com a finalidade de explorar as capacidades operacionais que contribuíssem para a operação segura da aeronave. 

Segundo o Major Leonardo, o emprego operacional das capacidades do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) foi utilizado em sua plenitude nesta operação. “Os resultados provenientes dos ensaios e análises fornecerão informações importantes aos operadores do C-105 sobre a utilização da aeronave em Surucucu, a fim de evitar eventuais incidentes”, avalia.

Participaram da campanha pilotos e engenheiros de prova, técnicos de instrumentação do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) e oficiais do IFI responsáveis pela certificação. Também atuaram no plano: militares e técnicos do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE); tripulantes do Esquadrão Arara (1º/9º GAV); militares da Ala 7, situada em Boa Vista (RR); e dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo de Boa Vista e São José dos Campos (SP); além de militares operadores de Sistema de Posicionamento de Aeronaves (SPA) do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV).

Apoiaram a campanha, ainda, servidores do destacamento do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP), em Marília (SP), cuja pista com aclive acentuado foi utilizada na primeira fase para a adaptação dos tripulantes.

Pista de Surucucu

O aeródromo de Surucucu está localizado no interior da terra indígena Yanomami, em uma região montanhosa, a cerca de 1.000 metros de altitude. Foi criado no início da década de 80, sendo referência para as operações do 4º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro, para a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e para a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), entidades federais sediadas na região.

Em agosto desse ano, com o objetivo de retomar a operacionalidade no aeródromo de Surucucu, o Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ) desenvolveu o cenário visual da localidade e o implementou no simulador do C-105, permitindo que os pilotos pudessem treinar a missão antecipadamente e obter a experiência necessária para realizar os pousos na localidade.

Os pilotos do Esquadrão Arara tiveram a oportunidade de tornar-se pioneiros em pousar e decolar na pista de Surucucu, podendo assim ambientar-se ao cenário e treinar os procedimentos de voo em condições adversas.

Fonte: IPEV
Edição: Agência Força Aérea, por Tenente Jonathan Jayme – Revisão: Capitão Landenberger

Fotos: IPEV

19.12.2018

Você pode gostar...