NÃO, NÃO TEMOS COMO ABATER OS MÍSSEIS DA COREIA DO NORTE!

Essa semana, Joe Cinricione presidente da Ploughshares Fund, sediada na Califórnia publicou uma interessante matéria no site Defence One, sobre a razão do Japão e dos EUA não terem derrubado os mísseis da Coréia do Norte que sobrevoaram o Japão. A resposta é espantosa: Não temos condições de abate-los!

Alcançando o apogeu do voo a 770 quilômetros (475 milhas) nem o Japão nem os Estados Unidos poderiam ter interceptado o míssil. Nenhuma das armas de defesa de mísseis balísticos existentes neste teatro, segundo Cinricione poderiam atingir o míssil voando tão alto. São centenas de quilômetros mais alto do que o Aegis implantados em navios da Marinha perto do Japão podem atingir. Ainda maior para os sistemas THAAD que estão na Coréia do Sul e Guam e também muito alto para os sistemas Patriot no Japão.

Esta é uma resposta bem diferente das que estão sendo dadas pelas autoridades japonesas, como o secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga, que fez a seguinte afirmação na semana passada:

 “Nós não interceptamos [o míssil] porque nenhum dano ao território japonês era esperado”.

Todos estes esses sistemas são projetados para atingir um míssil na fase média ou terminal, quando este já está em trajetória de descida. O Patriot destina-se a proteger áreas relativamente pequenas, como portos ou bases aéreas. O THAAD defende uma área maior. O sistema Aegis teoricamente poderia defender milhares de quilômetros quadrados.

Mas, poderíamos interceptar antes que o míssil subisse tão alto? Não há quase nenhuma chance de atingir um míssil norte-coreano em seu caminho, a menos que um navio com o Aegis estivesse muito perto do ponto de lançamento, talvez nas águas norte-coreanas. Mesmo assim, teria que perseguir o míssil, uma corrida que é improvável que vença. Em um ou dois minutos de aviso, qualquer sistema teria a probabilidade de um engajamento bem sucedido, próximo de zero.

DÚVIDAS SOBRE A EFICÁCIA EM CONDIÇÕES REAIS

Tentando usar mísseis dos navios Aegis “seria uma tarefa altamente exigente e implicaria uma quantidade significativa de adivinhação, já que os navios teriam que estar no lugar certo no momento certo para parar um teste no mar”, explicou Kingston Reif da Associação de Controle de Armas. E isso se os sistemas funcionarem como anunciado. Nenhum dos sistemas desse teatro foi testado nas condições estressantes do mundo real.

O THAAD , Patriot e especialmente Aegis, fizeram bons testes, mas estes foram testes projetados para o sucesso, simplificados, cuidadosamente organizados e usando alvos principalmente de curto alcance. “O Aegis só foi testado uma vez contra um alvo de alcance intermediário”, diz Reif, um dos principais especialistas em programas de defesa antimíssil dos EUA.

GBI, Ground Based Interceptor)

Sobre o Ground-Based Midcourse Defense, ou GMD que está baseado no Alasca e na Califórnia, o ex-diretor de testes operacionais para o Pentágono, Philip Coyle, afirmou que o registro de testes é ainda pior. Mesmo em condições ideais, onde se conhecia o tempo, a direção e a trajetória do alvo do teste, além de todos os detalhes de sua forma, temperatura, etc., esse sistema atingiu apenas metade do tempo. “A taxa de sucesso dos sistemas GMD em testes de interceptação de voos tem sido triste”, disse.

Já o ex-chefe da Agência de Defesa de Mísseis, o Tenente-general Gen. Trey Obering informou que as “Nossas chances de interceptar um míssil, mesmo em condições ideais, são basicamente “tão boas como jogar uma moeda em um cara ou coroa”.

Sobre as “condições ideais” usadas nesses testes os especialistas lembram que em um confronto real, a Coreia do Norte não será inocente de contar simplesmente com o lançamento do ICBM, mas deverá dificultar de todas as formas a sua interceptação, usando chamarizes, jammers e outros artifícios.

 

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