O “PANTSIR S1” VERSUS O LOBBY DA INDÚSTRIA DE DEFESA EUROPEIA

Pantsir S1 na foto de EVGENIY BIYATOV

A revista Veja publicou na semana passada, que o Governo Federal havia desistido de adquirir o Sistema de Defesa Antiaéreo “Pantsir S1”. Até aí, nada de anormal, pois um país pode desistir de um negócio que não considere vantajoso. Mas devemos observar se os argumentos usados pela revista para embasar os motivos para a suposta desistência do governo são mesmo sólidos. Nota-se que faltam os nomes das fontes.

O primeiro argumento usado de que os militares consideraram que o sistema russo está “fora dos padrões exigidos” não procede. Na verdade, o Exército Brasileiro (EB) publicou em 2013 uma série de requisitos e dentro destes está o que trata do “envelope de engajamento”, que no caso foi estipulado em 20 Km e não 30 Km, como foi publicado pela Veja.

“O sistema deve engajar, com efetividade, ameaças aeroespaciais em um envelope mínimo de 20.000 metros de alcance horizontal e entre 50 (cinquenta) metros a 15.000 (quinze mil) metros de alcance vertical.” [1]

Em 2013, militares brasileiros foram a Rússia para assistir o Pantsir em ação. Na demonstração os mísseis abateram um vetor aéreo a jato, em manobras evasivas, e (…) um míssil de baixíssima superfície refletora, disparado de outro Pantsir, sendo ambos destruídos a cerca de 15 km e 8,5 km da lançadora, respectivamente.[2] provando que o sistema atende os requisitos.

Deve-se considerar que a Rússia, que é reconhecidamente uma superpotência militar, confia e adota o Pantsir para proteger o próprio território em áreas consideradas de grande importância estratégica como o Ártico, por exemplo.

Outra demonstração da confiança que o russos têm do seu equipamento é que, recentemente, Putin ordenou que algumas baterias do Pantsir também fossem enviadas a Síria para proteger os aeródromos onde aeronaves russas operam dentro do conflito sírio.

Abaixo, o Pantsir abatendo um míssil de cruzeiro.

Concorrência

Um site nacional especializado em temas militares divulgou uma matéria quase que simultaneamente com a Veja, mas com uma diferença: para o site o Exército não havia desistido do Pantsir por sua suposta incapacidade, mas porque ambicionava adquirir não mais um sistema de média altura, mas um sistema que engajasse alvos a grande altura. Nos sonhos do EB estaria até mesmo outro sistema de defesa antiaérea russo, o poderoso S-300.

Mas a concorrência na área da defesa é pesada. Na matéria do referido site foi informado que o COMDEFESA [3](ver ,FIESP) apoiou um possível aquisição do sistema sueco conhecido como RBS-23 BAMSE. O estranho disso tudo é que o BAMSE ainda está em desenvolvimento e tem alcance estimado de 15 Km, ou seja, está abaixo do Pantsir que é de 20 Km. Depois de lograr vitória com o Gripen, parece que a Suécia está bastante ativa nos seus lobbys junto as FFAA.

Outra opção seria o sistema que está sendo desenvolvido pela MBDA/ Avibrás que utiliza misseis CAMM. Em 2013 o EB enviou ao Reino Unido dois militares de alta patente: o  Gen Bda JOÃO CHALELLA JÚNIOR, então Comandante da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea e o Cel Art EDSON RIBEIRO DOS SANTOS JUNIOR do EME para acompanhar o desenvolvimento do sistema. A viagem incluiu as cidades britânicas de Londres e Stevenage, além da visita a outro país, a Irlanda do Norte.[4]

Por Graan Barros

Fontes:

[1]https://www.jusbrasil.com.br/diarios/56295649/dou-secao-1-04-07-2013-pg-11

[2] Revista Força Aérea nr 86, da Action Editora, de Fevereiro de 2014

Autor: CEL ART R1 JÚLIO CÉSAR SPÍNDOLA CALDAS, Diplomado como Oficial de Estado-Maior pela ECEME, em 1994; Instrutor da ECEME no biênio 97-98; e Comandante do 3º GAAAe – Grupo Conde de Caxias – , de Caxias do Sul/RS, no biênio 99-00.

[3]http://www.fiesp.com.br/sobre-a-fiesp/departamentos/industria-da-defesa-comdefesa/

[4]http://www.sgex.eb.mil.br/sistemas/be/copiar.php?codarquivo=1414&act=bre

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