PARLAMENTO DA CRIMEIA APROVA PROPOSTA DE ADESÃO À RÚSSIA


Os deputados da Crimeia aprovaram esta quinta-feira por 78 votos e oito abstenções uma proposta formal de adesão da República à Federação Russa. O texto refere explicitamente a “entrada na Federação Russa com os direitos de um membro da Federação Russa” cita a agência de notícias RIA. Um referendo sobre os destinos da República foi antecipado para dia 16. O Kremlin já confirmou que o Presidente Putin foi informado da decisão dos deputados da Crimeia. Kiev reagiu dizendo que o referendo é ilegal.

“Esta é a resposta à desordem e ilegalidade em Kiev” disse Sergei Shuvainikov, membro da Assembleia da Crimeia. “Iremos decidir nós mesmos o nosso futuro.”

O Parlamento ucraniano, dominado por pró-russos, aprovou a realização do referendo no próximo dia 16 para validar a decisão de adesão à Rússia, antecipando a consulta já antes marcada para dia 30 de março.

Os eleitores poderão escolher entre uma adesão à Federação Russa e uma autonomia reforçada da Crimeia, anunciou o deputado Grigori Ioffe.
Moscovo de braços abertos

Também esta quinta-feira foram anunciadas duas iniciativas legislativas russas aparentemente destinadas a facilitar a adesão da Crimeia aos territórios controlados por Moscovo.

O primeiro ministro russo Dmitri Medvedev afirma estar em estudo uma simplificação dos pedidos de cidadania russa para cidadãos que tenham o russo como língua materna e que sejam oriundos de quaisquer antigas regiões soviéticas, como é o caso da Ucrânia.

Um legislador, Sergei Mironov afirmou por seu lado à agência russa de notícias Itar-Tass que está a dar os toques finais numa proposta de lei igualmente para simplificar a adesão à Federação Russa de “partes de Estados estrangeiros” a qual, admite Mironov, poderá ser aprovada já para a semana.

Putin reuniu de emergência com o seu Conselho de segurança, tendo abordado o pedido formal de adesão da Crimeia à Federação Russa, anunciou o porta-voz da Presidência. 
Pró-russos dominam Crimeia

A península da Crimeia pertence à Ucrânia mas é uma república autónoma e a sua população é maioritariamente de origem russa. A sua base naval de Sebastopol aloja a frota russa do Mar Negro. 

Desde sexta-feira que tropas russas foram enviadas para a zona, alegadamente, de acordo com Moscovo, para proteger a população russófona de extremistas nacionalistas ucranianos. Apesar dos protestos de Kiev e da comunidade internacional contra a ocupação da Crimeia, a República é atualmente controlada por forças pró-russas, sejam estas soldados russos não identificados, como afirmam populares e observadores, ou milícias populares formadas nos últimos dias que reforçaram as forças de segurança locais. As tropas ucranianas na zona que não se renderam estão cercadas nos seus quartéis por homens armados.

Moscovo considera que o nacionalismo de direita ucraniano tomou o poder em Kiev, após tumultos na praça Maidan da capital ucraniana, que acabaram com a fuga do Presidente eleito, o pró-russo Viktor Ianukovich.

A notícia da aprovação parlamentar da anexação da Crimeia à Federação Russa deverá marcar a reunião do Conselho Europeu desta manhã, que inclui antes uma reunião com o primeiro-ministro designado da Ucrânia. 

John Kerry, secretario de Estado norte-americano deverá igualmente reunir em Roma com os ministros dos negócios estrangeiros da Grã-Bretanha, Alemanha, França e Itália, antes da Cimeira em Bruxelas.

FONTE: RTP – Graça Andrade Ramos

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