FRANÇA NÃO VAI SUSPENDER VENDA DA CLASSE MISTRAL AOS RUSSOS MESMO APÓS A CRISE NA UCRÂNIA

Foto: DCNS

RESUMO:

Em 2011, a França fechou um contrato para oferecer dois Navios de Propósito Múltiplo da Classe Mistral a Rússia. Com a crise na Ucrânia, entretanto, esperava-se que a França apoiasse a Europa e congelasse a negócio, mas não é bem o que está acontecendo. Perder um contrato milionário, arcar com pesadas multas e ver perdidos inúmeros postos de trabalho em meio a uma crise econômica mundial, que atingiu especialmente a economia francesa, não parece ser uma boa decisão!
 
Graan Barros

 

Um dos dois Navios de Propósito Múltiplo da classe Mistral adquiridos pela Rússia tem o seu primeiro teste na quarta-feira no oeste da França . Apesar da crise na Criméia, Paris disse que por enquanto não vai suspender o contrato de cerca de € 1200000000 assinado com Moscou.
 
Apesar dos esforços diplomáticos feitos pela França em favor da Ucrânia, Paris ainda planeja entregar a Rússia os dois Navios de Propósito Múltiplo que também são conhecidos como porta-helicópteros da classe Mistral para fortalecer a Marinha de Moscou.
 
Um dos navios, o Vladivistok partiu ao anoitecer do porto atlântico francês de Saint- Nazaire para uma prova de mar de três dias. O navio de guerra de 22.000 toneladas é capaz de operar até 450 soldados, helicópteros e blindados em assaltos anfíbios.
 
Negócio francês foi questionado em 2011
 
França concordou em 2011 em vender dois porta-helicópteros da classe Mistral à Rússia, atraindo críticas de vários aliados da Otan que temiam ressurgimento militar da Rússia na esteira da guerra da Geórgia de 2008.
 
O Estaleiro francês lançou ao mar o Vladivostok na ​​quarta-feira, quando diplomatas da Rússia, Ucrânia, EUA e das principais potências ocidentais se reuniam em Paris para tentar pôr fim à crise na Ucrânia.
 
Apesar do deslocamento de tropas russas na Crimeia, o  ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabiusdisse  informou na segunda-feira que a crise não tinha se agravado ao ponto da França reconsiderar a venda dos navios de guerra à Rússia.
 
Quando questionado pela rádio francesa RTL se a França iria desfazer o negócio, Fabius disse: No momento estamos tentando evitar que a os movimentos da Rússia provoquem um acirramento da crise na Ucrânia e tentar manter, ou melhor, estabelecer um diálogo.”
 
Crise pode afetar negócios franceses
 
Relutância da França em suspender o negócio como forma de pressionar os russos pôs em dúvida a vontade política de Hollande em apoiar as sanções econômicas propostas pelos EUA e UE contra Moscou.
 
No entanto, Philippe Migault – um especialista em Rússia e na indústria bélica, disse a FRANCE 24 que: “um contrato assinado é um contrato assinado.” e que “Qualquer atraso ou cancelamento no negócio dos Navios da Classe Mistral significa que o estaleiro teria que pagar multas. Este acordo também garante a manutenção de postos de trabalho em Saint- Nazaire.”
 
O negócio lucrativo foi fortemente criticado por vários especialista norte-americanos, que temiam que os navios de guerra da classe Mistral entregues aos russos incluíssem diversos sistemas de comunicação iguais o da OTAN além do sistemas de armas, facilitando o acesso a tecnologia ocidental pelos russos.
 
Nenhuma transferência de tecnologia sensível
 
No entanto, a DCNS confirmou que os sistema de comunicação seriam instalados somente se a marinha russa recebesse aprovação da OTAN.
 
Este acordo não implica qualquer transferência de tecnologia sensível. Além disso, a França vendeu apenas o porta-helicópteros, mas não vendeu os helicópteros que vão operar nele, disse Migault.
 
O perito em indústria de armas também acredita que a entrega destes dois porta-helicópteros não iria desequilibrar significativamente o equilíbrio de forças no Mar Negroem favor dos russos.
 
O Vladivostok, cuja entrega à Marinha russa está prevista para o último trimestre de 2014, deverá se juntar a Frota do Pacífico. O seu irmão, Sevastopol, ainda está em construção, e foi batizado com o nome da cidade onde fica o porto estratégico da Criméia, ou seja, centro da atual crise ucraniana.
 
Fonte: FRANCE24
Traduzido e adaptado

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