CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CRÍTICAS DE UM CORONEL DA RESERVA SOBRE A COMPRA DO GEPARD

Chegada dos primeiros Gepards ao Brasil
Foto: Exército Brasileiro

O Coronel de Infantaria e Estado-Maior, Paulo Ricardo da Rocha Paiva faz uma crítica veemente sobre a aquisição do Sistema Antiaéreo Gepard. O texto intitulado “Artilharia Antiaérea para a Copa” foi publicado no Jornal “A CRÍTICA DE CAMPO GRANDE/MS” em 01/08/2013 e o site Plano Brazil postou no dia de ontem. No texto, o Coronel refere-se ao Gepard como material obsoleto e comprado para uso na defesa de “arenas de futebol”. 

Primeiramente devemos lembrar que o Coronel Paiva não se encontra mais na ativa. Sendo assim suas críticas não terão efeito prático. Entretanto, demostram um tipo de divergência que também ocorre atualmente, entre os brigadeiros do Exército e o Almirantado (Marinha). Qual o melhor caminho a ser seguido na reestruturação das nossa forças armadas ainda mais contando com um orçamento relativamente pequeno e que ainda está sujeito a cortes intempestivos? É sabido que no menor sinal de crise nas contas do governo o primeiro Ministério a ser prejudicado é o da Defesa.

Lembro de uma conversa que tive com o editor do mais acessado site brasileiro sobre Defesa. Estávamos visitando alguns navios da Esquadra Brasileira, Argentina e Uruguaia que tinham atracado no Porto do Rio de Janeiro após um exercício conjunto. Os nossos assuntos naquele dia foram foram vários, mas logo chegamos as escolhas da nossa Marinha: o Navio Aeródromo São Paulo e o PROSUPER, projeto da Marinha que prevê a modernização das nossas escoltas. Segundo o projeto, serão construídas 5 novas fragatas em estaleiro nacional equipadas com o que há de mais avançado em sensores e armamentos. Parte dessa tecnologia será transferida para o o Brasil pelo estaleiro internacional ganhador e o restante será de projetos autóctones como o MAGE, o SINCONTA, CME-2 e o futuro míssil naval.

O interessante foi saber, que parte do almirantado não apóia esse projeto e que se estivessem no Comando da Marinha escolheriam outra opção. Poderiam simplesmente optar por dispor apenas de um frota maior de submarinos, ficando a força de superfície restrita apenas aos meios distritais, ou seja, equipada apenas com os Navios de Patrulha Marítima e Oceânica. Outro motivo de discordância é o já citado São Paulo que foi comprado da França já com 40 anos de uso constante, inclusive tendo atuado na Guerra do Golfo. Certamente para alguns dos nossos Almirantes a Marinha não deveria gastar seu pequeno orçamento com um equipamento de manutenção tão cara e que têm por finalidade projetar força, isto é, ampliar capacidade expedicionária e não dissuasória. 

Porém, são apenas pensamentos estratégicos divergentes que ocorrem em qualquer tipo de negócio, inclusive no mundo das grandes empresas. Mas, voltando a crítica do General Paiva que deixam entender que a escolha partiu somente do Governo Federal. O Coronel afirma haver uma: “motivação “lúdica” que levou a governança a optar por está sucata”. Demonstra o hábito atual de colocar a culpa somente em nossos governantes. Entretanto, temos exemplo do Exército que parece ter sabido fazer melhores escolhas. Deixo abaixo, as justificativas do Estado Maior do Exército Brasileiro em sua Portaria nº31- EME de 7 de março de 2013 e publicada no Boletim do Exército nº11/2013 que deixam claro as motivações técnicas da compra dos Gepard.

Graan Barros



a. Antecedentes e Justificativas do Projeto GEPARD
1) A DA Ae é estruturada, na ZI e no TO, para ser empregada nas diversas faixas de altura e de
alcance, para fazer frente aos diferentes tipos de ameaça. O Sistema AAe GEPARD integra o Sistema Operacional DA Ae para emprego na faixa de Bx Altu (até 3000 m), realizando a Defesa Antiaérea da Força Terrestre, bem como contribuir para a proteção das estruturas estratégicas terrestres brasileiras e áreas sensíveis, cuja ameaça aérea inclui, entre outros tipos de vetores, as aeronaves de ataque ao solo, caças-bombardeiros, helicópteros, veículos aéreos não-tripulados (VANT), mísseis (Msl) balísticos e decruzeiro, foguetes e morteiros. 

2) A 5ª Bda Cav Bld e a 6ª Bda Inf Bld, altamente móveis, com um alto poder de fogo e alta eficácia no combate convencional terrestre, ressentem-se de não possuir o Sistema Operacional Defesa Antiaérea em condições plenas para fazer frente a ataques aéreos e ataques surpresa de aeronaves e helicópteros de baixa altitude.

3) Com a desmobilização do Sistema AAe GEPARD pelo Exército Alemão, verificou-se uma oportunidade de mobiliar as Brigadas Blindadas do EB com uma DA Ae compatível com o material, tanto em mobilidade e proteção blindada, quanto em facilidade de apoio logístico, tendo em vista o carro possuir chassi semelhante ao alemão CC LEOPARD. O GEPARD é um sistema de armas autônomo e altamente móvel, com alta prontidão operacional, pequeno tempo de reação e capaz de fazer frente a uma variada gama de ameaças.

4) O Sistema AAe GEPARD 1A2, modernizado há cerca de três anos, dentro de um cenário que o
manteria empregado até 2030, foi projetado para proteger as unidades LEOPARD. Um dos principais objetivos durante o desenvolvimento do GEPARD, além do seu desempenho em combater alvos aéreos, foi obter um ajuste perfeito com as tropas blindadas equipadas com o LEOPARD 1 e LEOPARD 2.

5) A Krauss-Maffei Wegmann (KMW) é o principal fornecedor do Sistema AAe GEPARD e tem larga experiência em manutenção, reparo e inspeção dos sistemas, bem como no apoio logístico.





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  1. Anônimo disse:

    o acordo bilateralde dilma e putin so poderia resultar em armamentoso brasil alimenta os russos e em troca recebe armamentos que sejam da permuta e dilma tambem negocia comodities o que acontece é que o brasil fica devendo assistencia a paises de anexaçao russa defender o comunismo e vai ter que convocar os militares queterao que ir gostem ou naoainda mais quem tem o manejo deses armamentosrussos pois é a chefe suprema assim esta na constituiçao

  2. Anônimo disse:

    Quanto ao item 4, seria recomendável saber se a modernização foi de molde a mobilizar o sistema novamente para o Exército Alemão, com reaproveitamento, emprego e manutenção do mesmo para até 2030. Deve ser dito, já se admite a compra de um sistema antiaéreo de defesa russo de mísseis terra-ar (Tor-M2e) que, ao que tudo indica, de última geração, viria a comtemplar o EB com material mais recente, sem necessidade da já conhecida repotencialização de #obsoletos# de resultados comprovadamente medíocres no tempo e no espaço.
    O Tor-M2E é a mais recente geração de um sistema de defesa com mísseis terra-ar desenvolvido na antiga União Soviética. É considerado o mais eficaz modelo em operação no mundo. Ele serve para abater aviões, helicópteros, armas de alta precisão e mísseis, usando radar. Sendo de curto alcance, visa proteger cidades e instalações estratégicas.