REELEIÇÃO NA AMÉRICA LATINA

Por que não posso virar à esquerda?
A possibilidade de reeleição na América Latina, diferentemente do que alguns pensam, começou com Fernando Henrique Cardoso no Brasil e Álvaro Uribe na Colômbia. No primeiro caso, Fernando Henrique Cardoso sempre foi um político conhecido pela sua história ligada aos movimentos de esquerda, mas que quando se tornou presidente em dois mandatos sucessivos (1995-1998) e (1999-2002) foi aproximando-se cada vez mais da direita.
A Constituição brasileira de 1988 não previa a reeleição presidencial, então foi necessário realizar um mudança. Então tudo passou a ser válido para conseguir esse objetivo, incluindo criar na população o temor de que os bons resultados alcançados pelo Plano Real poderiam ser destruídos pelo governo seguinte. Também foi necessário convencer os parlamentares disso. A partir dessas conclusões ocorreu um dos maiores escândalos do governo FHC: diversos parlamentares receberam uma soma de R$ 200.000,00 para aprovar a emenda da reeleição. Outros indícios de corrupção chegaram a conhecimento público, mas foram paulatinamente deixados de lado.
Na Colômbia, o presidente Alvaro Uribe da Colômbia foi acusado diversas vezes pela ONG Human Right Watch de estar ligado a grupos de extermínio de extrema direita. Todas essas acusações estão fartamente documentadas. Entretanto, mais uma vez a imprensa colombiana e brasileira preferiram esconder esses fatos do povo. Passaram a usar um jogo maniqueísta que colocava Uribe como um santo enquanto demonizava Hugo Chavez. Com tamanha campanha desfavorável na mídia, é natural que o primeiro nome que vem a mente quando se fala em tentativas sucessivas de reeleição, seja o de Hugo Chavez.
Em outros países da América Latina o roteiro foi sempre o mesmo. É bom lembrar que há alguns anos, o presidente de Honduras foi derrubado pelo simples fato de querer mudar a Constituição para tentar se reeleger. O motivo não foi bem esse, mas foi esse o usado para afastar o presidente. Durante o mandato, Zelaya que é filho de Latifundiários, afastou-se da direita que o elegeu e começou a se aproximar da esquerda Bolivariana. O imbróglio ganhou a atenção mundial quando Zelaia, após o golpe, refugiou-se na Embaixada Brasileira. Estranhamente, a imprensa brasileira foi contra a posição do governo brasileiro de manter abrigado o ex-presidente hondurenho na Embaixada brasileira. Acusaram a diplomacia brasileira de ingerência em assuntos internos.
Podemos concluir então, que os presidentes da América Latina que têm ideologia de direita ou se aproximaram dela, como foi o caso de FHC, conseguiram chegar ao final do mandato, mesmo tendo acusações graves de corrupção em seus governos.  Por outro lado, todos os presidentes de esquerda na América Latina ou não conseguem terminar seus mandatos, ou governam sob constantes ataques da imprensa, sofrendo inclusive ameaças de impeachment.
Agora em 2012 surge novamente o nome do presidente Alvaro Uribe no cenário político colombiano. As intenções? Mudar a Constituição colombiana com o propósito de se eleger presidente novamente. Porém o motivo dado pelo ex-presidente é outro. Uribe diz estar insatisfeito com a condução da política antidrogas do atual presidente. Resta saber qual será a opinião do Congresso e da imprensa colombianos. Será favorável a Uribe?
Graan Barros

Você pode gostar...